sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

IV. De como a literatura nos transmite conceitos, mensagens e ensinamentos para compreender e enfrentar as dores da alma.

Atenuando a adversidade


Pelos caminhos da vida espreita em cada curva a adversidade. Esta nos toma de surpresa, e quase sempre sucumbimos, fragilizados pelo nosso próprio despreparo espiritual.

Inocentemente trilhamos nosso caminho, esperando encontrar nada além de flores e o reconhecimento natural de todos os nossos esforços

Todos nos esquecemos de que há um passado a resgatar. Ou nesta ou em anteriores existências. E as sementes que plantamos voluntária ou ou até inconscientemente frutificarão. E esses frutos sempre serão um dia colhidos. Ainda que ignoremos a ordem natural desse ciclo essencial.


Cabe citar agora três princípios, ensinados pela própria vida, e que podem significar muito na aceitação de nosso presente, e na atenuação das dores da alma.


I. Não se ganha sempre.


II. A Vida vale pelos seus intervalos ( a leitura dessas linhas é um intervalo de nossas vidas ).


III. Quando a realidade for insuportável - delire e seja feliz ! A busca pela felicidade é o maior compromisso do homem para com o seu espírito.




Entretanto, a aplicação dessas normas, atenuando a adversidade que pode tomar conta de nossas vidas, para resultar em uma sensação de felicidade necessita de uma quarta iniciativa.


IV. Para atingirmos a felicidade, é essencial que aprendamos a reconhecer, resgatar e a perdoar nossos próprios erros. A culpa é dor que corrói a alma e destrói qualquer esperança.


Luís Vaz de Camões (1524-1580)

O maior representante do Renascimento português, imortalizado no épico Os Lusíadas, entendeu mais que ninguém, porque as sofreu, as dores da alma. E em seus sonetos, cuja base filosófica é o neoplatonismo, traduziu os sentimentos mais arrebatadores que lhe mitigavam a alma. Alternando em sua poesia o amor e a sensualidade, fez da mullher um ente superior, imagem do Bem e da Beleza. Seguem três de seus mais importantes sonetos, todos introduzindo a importância do amor como lenitivo para as dores da alma

*


Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.



É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É umj cuidar que ganha em se perder.



É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.



Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é mesmo Amor?


***


Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.



Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.



E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa sem remédio de perder-te,



Roga a Deus, que teus anos encurtou
Que tão cedo de cá me leve a ver-te
Quão cedo de meus olhos te levou.

***

Busque Amor novas artes, novo engenho,
Para matar-me, e novas esquivanças;
Que não pode tirar-me a esperanças,
Que mal me tirará o que não tenho.



Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.



Mas conquanto não pode haver desgosto
Onde esperanças falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê;



Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce e não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei porquê.



***

Letícia Thompson
Escritora poetisa brasileira, natural do Espírito Santo, que nos chama a refletir e reavaliar valores, que conduzem o nosso dia-a-dia.


Se é verdade que a cada dia basta a sua carga,
porque entào teimamos em levar para o dia seguinte nossas mágoas e dores? Ou para a semana seguinte, mês ou ainda anos?

Nos apegamos ao sofrimento e ao ressentimento. Como às coisinhas que guardamos em nossas gavetas. Sabendo-as inúteis, mas sem coragem para jogá-las fora.

Vivemos com o lixo da existência, quando tudo seria mais claro e límpido com o coração renovado.

As marcas e cicatrizes ficam para nos lembrar da vida, do que fomos, do que fizemos, e do que precisamos evitar.

Não há ainda cirurgia plástica para a alma. Que poderia extirpar todas as experiências, deixando-nos novos.

Ainda bem...
Não devemos esquecer do passado, de onde viemos, do que fizemos, dos caminhos que percorremos.

Não há como esquecer as vitórias, quedas e lutas.

Menos ainda das pessoas, dos encontros, que direcionaram nossas vidas, muitas vêzes sem que soubéssemos.

Perdoar a quem nos feriu dói mais na pessoa que o ódio sentido e preservado durante toda uma vida.

O que não podemos é carregar com teimosia o ódio, o rancor, mágoas, sentimento de
derrota e o ressentimento.

As mágoas envelhecidas marcam-nos o rosto, nossos atos e moldam nossa existência.

Precisamos com muita coragem e ousadia abrir a gaveta do coração e
esvaziá-la.
E quando só ficarem as lembranças as alegrias, do bem que nos fizeram, das rosas secas, mas carregadas e amor, mais espaço haverá para novos encontros.

Assim nos tornamos mais atraentes. Mais bonitos. Mais leves e mais fáceis de carregar. Mesmo para aqueles que já nos amam.

Sua vida merece que a cada novo dia você lhe dê mais uma chance para que ela seja plena e feliz.



***

CHICO XAVIER


Nasceste no lar que precisavas, vestiste o corpo físico que merecias.
Moras onde melhor Deus te proporcionou,de acordo com teu adiantamento.
Possuis os recursos financeiros coerentes com as tuas necessidades, nem mais,
nem menos, mas o justo para as tuas lutas terrenas.
Teu ambiente de trabalho é o que elegeste espontaneamente para a tua realização.
Teus parentes, amigos são as almas que atraíste, com tua própria afinidade.

Portanto, teu destino está constantemente sob teu controle.
Tu escolhes, recolhes, eleges, atrais, buscas, expulsas, modificas tudo aquilo
que te rodeia a existência.
Teus pensamentos e vontade são a chave de teus atos e atitudes...são as fontes de atração e repulsão na tua jornada vivência

Não reclames nem te faças de vítima. Antes de tudo, analisa e observa.
A mudança está em tuas mãos.
Reprograma tua meta,busca o bem e viverás melhor.


Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo,
Qualquer Um pode Começar agora e fazer um Novo Fim.


***

CHICO XAVIER


Nasceste no lar que precisavas, vestiste o corpo físico que merecias.
Moras onde melhor Deus te proporcionou,de acordo com teu adiantamento.
Possuis os recursos financeiros coerentes com as tuas necessidades, nem mais,
nem menos, mas o justo para as tuas lutas terrenas.
Teu ambiente de trabalho é o que elegeste espontaneamente para a tua realização.
Teus parentes, amigos são as almas que atraíste, com tua própria afinidade.

Portanto, teu destino está constantemente sob teu controle.
Tu escolhes, recolhes, eleges, atrais, buscas, expulsas, modificas tudo aquilo
que te rodeia a existência.
Teus pensamentos e vontade são a chave de teus atos e atitudes...são as fontes de atração e repulsão na tua jornada vivência

Não reclames nem te faças de vítima. Antes de tudo, analisa e observa.
A mudança está em tuas mãos.
Reprograma tua meta,busca o bem e viverás melhor.


Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo,
Qualquer Um pode Começar agora e fazer um Novo Fim.


***

CHICO XAVIER


Nasceste no lar que precisavas, vestiste o corpo físico que merecias.
Moras onde melhor Deus te proporcionou,de acordo com teu adiantamento.
Possuis os recursos financeiros coerentes com as tuas necessidades, nem mais,
nem menos, mas o justo para as tuas lutas terrenas.
Teu ambiente de trabalho é o que elegeste espontaneamente para a tua realização.
Teus parentes, amigos são as almas que atraíste, com tua própria afinidade.

Portanto, teu destino está constantemente sob teu controle.
Tu escolhes, recolhes, eleges, atrais, buscas, expulsas, modificas tudo aquilo
que te rodeia a existência.
Teus pensamentos e vontade são a chave de teus atos e atitudes...são as fontes de atração e repulsão na tua jornada vivência

Não reclames nem te faças de vítima. Antes de tudo, analisa e observa.
A mudança está em tuas mãos.
Reprograma tua meta,busca o bem e viverás melhor.


Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo,
Qualquer Um pode Começar agora e fazer um Novo Fim.


***
RODGERS & HAMMERSTEIN II
Richard Charles Rodgers ( 1902 – 1979) compositor americano autor de mais de 900 júsicas e inúmeros musicais da Brodway. Em parceria com Oscar Hammerstein II. Criou sucessos inesquecíveis como este tema para o musical “Caroussel”. Premiado com o Emmy, Grammy,Oscar e Tony/EGOT além de um premio Pulitzer.

When you walk through a storm,
hold your hand up the head
and don´t be afraid of the dark.
At the end of the storm is a golden star
And sweet silver songs in the air…

Walk on trhough the storm,
Walk on through the rain,
till your dreams be touched and true.

Walk on, walk on,
With a hope in your heart
And you will never walk alone,
Believe,
You will never walk alone…

***
PAULO SANTANA
PORQUE AS ALMAS SOFREM?
(Zero Hora, 02 de novembro de 2008, p. 51, )


A vida só tem uma lógica garantida se não for única, se constituir meramente em apenas uma etapa, uma passagem, uma estação, a qual sobrevirão outras vidas, outras passagens, outras estações.
Fiquei sabendo pelo livro A Nova Ciência e a Fé, recentemente lançado, de autoria do porto-alegrense Mário Costa de Araújo Lima, que os grandes filósofos gregos Platão e Sócrates, duas das inteligências mais luminosas da humanidade, eram reencarnacionistas.
A reencarnação é a idéia segundo a qual os espíritos em seu processo evolutivo vivem muitas vidas, em diferentes corpos, assumindo, portanto distintas personalidades.
Eu só posso admitir a idéia de um Deus bom, de um Deus justo, de um Deus misericordioso e acima de tudo, de suprema lucidez e sabedoria, se concluir que não há uma vida única, que as pessoas que se tornam mártires, que vivem em extremo sofrimento, ou sobre as quais se abateram as injustiças e os tormentos, terão em outra vida recompensas que restituirão à sua vida um plano de justiça e lógica de proporcionalidade.
Como eu escrevi em outras colunas, isto não vai ficar assim.
Não pode Deus ter criado ao mesmo tempo uma besta e um filósofo, um rico e um miserável, um cruel e um bondoso, um feio e um bonito, um dotado de raras virtudes, outro pleno de todos os defeitos.
Uma só passagem pela vida, pela efemeridade em que ela consiste, pela incompletude das experiências que se desenrolam para um só indivíduo em particular, pela exiguidade do seu campo de desenvolvimento, será insuficiente para torná-lo apto a ser considerado um ser que tenha absorvido todo o húmus da existência e ter encerrado seu ciclo.
Não me resta dúvida nenhuma de que aqui na Terra estou vivendo apenas uma etapa da minha evolução e que outras missões me serão confiadas em vidas futuras, até que minha formação como espírito ocorra para que eu ganhe talvez para a eternidade e o homem escapará por seu mérito, subindo os degraus da justiça através de muitas vidas, no rumo do aperfeiçoamento.
Não há também dúvida de que estamos sendo testados, estão sendo pesadas as nossas boas obras e as nossas maldades, num lento e progressivo andar pela vida, numa sucessão de várias vidas em que o Criador nos dá oportunidade de exercitá-las em situações absolutamente distintas uma das outras, com a finalidade de nos completarmos como seres dignos da criação, agarremo-nos ou não a uma religião ou crença, o que importa é que atinjamos um grau de bondade e dignidade a ponto de que sejamos considerados – e nos consideremos – justos.
Não faz sentido que Deus – ou qualquer outra força superior e reguladora que contenha o conteúdo desse nome – nos jogue aqui na Terra e nos faça néscio ou sábio, faminto ou regalado, oprimido ou poderoso, saudável ou doente, desde o nosso nascimento, tornando-nos assim tão facilmente condenados ou premiados.
Nada disso, isso é apenas um dos inumeráveis ciclos de vida a que temos de nos submeter.
Até nossa "formação", muitas e muitas gerações e séculos vão suceder a este átimo de existência que nos cerca.
Não foi só esta vida que nos esperava.
Isto não vai ficar assim. Seria profundamente injusto...


***

PAULO ROBERTO GAEFK

As dores da alma não deixam recados, apenas marcas indeléveis. Não saem no jornal e não viram capa de revista.
As dores da alma precisam ser trabalhadas para que sirvam de aprendizado, e que nos permitam extrair delas a capacidade de sermos fortalecidos, aprendendo que o melhor de nós está em nós mesmos.
Quando nos amamos incondicionalmente descobrimos a autoestima, sem a qual o caminho da dor e da lamentação podem induzir à depressão.
Ame-se para amar e ser verdadeiramente amado.
Mantenha sempre os olhos abertos para ver as pequenas e grandes coisas.
Dedique-se para que suas falhas sejam menores.
Tenha amigos e seja um melhor amigo.
Sonhe, pois do sonho nasce a realização.


***

FERNANDO PESSOA

Navegue!
Encontre tesouros. Mas não os retire do fundo do mar.
O lugar deles é lá.

Admire a lua!
Sonhe com ela. Mas não queira trazê-la para a terra.

Curta o sol!
Se deixe acariciar por ele, mas não esqueça que seu calor é para todos.

Sonhe com as estrelas!
Apenas sonhe. Elas só podem brilhar no céu.

Não tente deter o vento!
Ele precisa ir para todas as partes.
Ele tem pressa de chegar.

Não apresse a chuva.
Ela deve cair e molhar muitos rostos. Não deve molhar apenas o seu.

As lágrimas, não as sequem.
Elas precisam correr na minha, na sua, em todas as faces!

O sorriso?
Esse deve se segurar. Não o deixe ir embora. Agarre-o!

Quem você ama?
Guarde-o dentro de um porta-jóia. Tranque. Perca a chave.
Quem você ama é a maior jóia que você possui.
A mais valiosa.

Não importa se a estação do ano muda, se o século vira.
Conserve a vontade de viver.
Não se vai à parte alguma sem ela!

Abra todas as janelas que encontrar e as portas também!

Persiga um sonho. Não deixe ele viver sozinho.
Alimente sua alma com amor. Cure suas feridas com carinho!

Descubra-se todos os dias!
Deixe-se levar pelas vontades.
Mas não enlouqueça por elas.

Procure!
Procure sempre o fim de uma história. Seja ela qual for!

Dê sorriso para quem esqueceu-se de como se faz isso!
Olhe para o lado. Alguém precisa de você!


Abasteça seu coração de fé! Não a perca nunca.
Mergulhe de cabeça em seus desejos e satisfaça-os.
Agonize de dor por um amigo.
Apenas saia dessa agonia se conseguir retirá-lo também.

Procure os seus caminhos.
Mas não magoe ninguém nessa procura,
Arrependa-se. Volte atrás. Peça perdão.

Não se acostume com o que não o faz feliz!
Revolte-se quando julgar necessário.

Alague seu coração de esperanças, mas não o deixe afogar-se nelas!

Se achar que precisa voltar – volte!
Se perceber que precisa seguir - siga!
Se estiver tudo certo – continue!
Se estiver tudo errado – comece tudo novamente!
Se sentir saudade – Mate-a!
Se perder um amor não se perca!
Se achar um amor- segure-o!

Circunda-te de rosas!
Ama. Bebe. E cala!
O mais é nada!

***

MARIO QUINTANA

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já se passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olharia o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas.
Desta forma, eu digo:

Não deixe de fazer algo que gosta devido à falta de tempo, a única falta que terá, será desse tempo que infelizmente não voltará mais!


***

Dylan Thomas
(Poeta surrealista inglês, precursor da geração beatnik)


Não entres com suavidade nesta noite serena,
porque a velhice deveria arder e delirar ao termo do dia;
revolta-te, revolta-te contra a luz que começa a morrer.

No fim, ainda que os lábios aceitem as trevas,
porque se esgotou o raio em suas palavras, eles
não entram com suavidade nessa noite serena.

Homens bons que clamaram, ao passar a última onda, como podia o brilho de suas frágeis ações ter dançado na baía verde,
revolta-te, revolta-te contra a luz que começa a morrer.

E os loucos que colheram e cantaram o vôo do sol,
e aprenderam muito tarde como o feriram em seu caminho,
não entram com suavidade nessa noite serena.

Junto da morte, homens graves que vede com um olhar que cega
quanto os olhos cegos fulgiriam como meteoros e seriam alegras,
odiai, odiai a luz que começa a morrer.

E de longe, meu pai, peço-te que nesta altura sombria
venhas beijar ou amaldiçoar-me com tua cruéis lágrimas.
Não entres com suavidade nesta noite serena,
revolta-te, revolta-te contra a luz que começa a morrer.

***

DORES DA ALMA E O FADO

Não há dor que não possa servir para tema de um fado. A música portuguesa certamente, embora até possa cantar outros sentimentos, não seria construída se não houvesse o fado, lamento do destino, para cantar as dores do amor e as dores da alma.
A dolência e a melancolia, tão comuns no fado, teriam sido herdadas dos cânticos dos Mouros, que permaneceram no bairro da Mouraria, na cidade de Lisboa após a reconquista Cristã. Contudo, não existem registos do fado até ao início do século XIX, nem era conhecido no Algarve, último reduto dos árabes em Portugal, nem na Andaluzia onde os árabes permaneceram até aos finais do século XV.
Os fadistas, cantores de fado, classicamente trajam-se de negro. E é no silêncio da noite, com o mistério que a envolve, que se deve ouvir, com uma "alma que sabe escutar", esta canção, que nos fala de sentimentos profundos da alma. O fado então faz chorar as guitarras que o acompanham.
O fado canta o sofrimento, a saudade de tempos passados, a saudade de um amor perdido, a tragédia, a desgraça, a sina e o destino, a dor, amor e ciúme, a noite, as sombras, os amores, a cidade, as misérias da vida ou ainda críticas à sociedade.

Primeira vez ( Frederico de Brito )

Primeiro foi um sorriso
Depois, quase sem aviso,
É que o beijo aconteceu.
Nesse infinito segundo,
Fora de mim e do mundo
Minha voz emudeceu.

Ficaram gestos suspensos
E os desejos, imensos,
Como poemas calados,
Teceram a melodia
Enquanto a lua vestia
Nossos corpos desnudados.

Duas estrelas no meu peito
No teu, meu anjo perfeito,
A voz de búzios escondidos.
Os lençóis, ondas de mar
Onde fomos naufragar
Como dois barcos perdidos!

Os lençóis, ondas de mar
Onde fomos naufragar
Todos os nossos sentidos!



***

Até ao fim do dia (ToZé Brito)

Então está tudo dito, meu amor
Por favor, não penses mais em mim.
O q1ue é eterno acabou conosco
E este é o princípio do fim.

Mas sempre que te vir
Eu vou sofrer,
E sempre que te ouvir
eu vou calar,
Cada vez que chegares
Eu vou fugir,
Mas mesmo assim amor
Eu vou te amar.
Até ao fim do fim
Eu vou te amar.

Então está dito, meu amor,
Acaba aqui o que não tinha fim,
Para ser eterno tudo o que pensamos,
Precisava que pensasses mais em mim.

Para ti pensar a dois é uma prisão,
Para mim é a única forma de voar.
Precisas de agradar a muita gente,
Eu por mim só a ti queria agradar.



Aguarda-te ao chegar (Cristina Viana e Carlos Viana )

Calas-me a voz, voz do olhar,
Sinto que o tempo tarda em chegar.
Distante, ausente sinto apertar
O peito ardente por te encontrar,

Na minha alma que anseio urgente
Pelo momento de ter-te presente,
Pelo infinito estendo meus olhos
Um mar de mil desejos, aguarda-te ao chegar.

Encho minha taça vazia
Com perfumes de poesia,
Bebo a saudade amarga e fria
E então adormeço ao luar.

Calas-me a voz, p’ra lá do tempo,
Estrelas que caem por um lamento
Espuma na areia, solta no vento
O meu silêncio, meu sentimento.

Em minha alma que chora vazia
Por um momento se acende a magia,
P’lo infinito estendo o meu sorriso
Num mar azul de sonhos
Acorda-me ao chegar.

Encho minha taça ardente
Com o incenso doce e quente,
Sirvo a beber à alegria
Que sinto ao ver-te chegar.

3 comentários:

  1. Paizão, amei!!! muitas verdades foram ditas e assimiladas!

    vc esta muito bom nisso!

    AMO, beijos

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  2. Brimo, que ótimo vê-lo feliz, pois vc selecionou os poemas com sua alma!! Adorei-os e fico sempre com Fernando Pessoa, pois ele sempre me diz aquilo que preciso e quero ouvir.

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  3. Nada melhor para ilustrar o "Terceiro Princípio" como os filmes "Oito e Meio" de Fellini e "Zorba, o Grego"

    Abraços
    Felipe
    (reumatologista - Uberaba)

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